O Imperador, o Papa e a cura das almas - 3
A cura das almas, a Ciência e a Fé
Um abrigo para pobres, alienados e sãos
Em meio ao período de turbulências políticas que marcam as três primeiras décadas da República, o Centro Católico de Bragança, nascido em 1904, cravou em seu estatuto a criação de um Asilo.
Em 1909, o Asilo de Mendicância São Vicente de Paulo abriu suas portas para abrigar pessoas desvalidas da cidade e região bragantina. Seus maiores benfeitores eram fazendeiros enricados pelo café.
Para cuidar da alma das pessoas abrigadas, a direção do Asilo foi entregue à Madre Paulina, a religiosa que, anos antes, criara a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.
Caída em desgraça diante da hierarquia eclesiástica de São Paulo, Paulina acabara de ser destituída de sua condição de Madre Superiora e fora exilada em Bragança, por desejo e manobras do Arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva.
No grupo das primeiras pessoas abrigadas na recém-criada Instituição estavam pobres – adultos e crianças –, alguns com problemas de saúde, outros com comprometimentos motores ou psíquicos, os alienados, como eram chamados.
Não nas páginas do livro de registro das pessoas admitidas pelo Asilo. Lá elas aparecem identificadas como “aleijadas”, “idiotas”, “inválidas”; “paralíticas”, “asmáticas”.
Resgate de memórias
O Asilo que virou Lar é o livro que conta a história do Asilo São Vicente de Paulo. Escrito a quatro mãos por Cristina de Oliveira Lima e Douglas Salgado, seu texto resgata 115 anos de trajetória, em páginas fartamente ilustradas e recheadas de episódios e personagens que se confundem com a cidade de Bragança.
Primeiro fruto do Projeto Memórias, o livro O Asylo que virou Lar é o resultado de cinco anos de pesquisa em acervos de Instituições da cidade, mais entrevistas com pessoas que conheceram o Asilo de outros tempos, e as que hoje trabalham para manter a Instituição em sintonia com o que há de mais avançado no cuidado de pessoas idosas.
O lançamento do livro está previsto para o segundo semestre de 2024.
